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Compost Barn: novidade passageira ou um sistema que veio para ficar?

COLUNA DA SEMANA-KAMILLA

 

Para quem nunca ouviu falar em Compost Barn, é um sistema de confinamento utilizado para criação de bovinos. O nome em português significa composto de estábulo, ou seja, ocorre um processo de compostagem com a serragem utilizada no chão do confinamento. Neste sistema os bovinos vivem em uma grande área comum de cama (área de descanso), coberta e constituída de maravalha ou serragem. Esse sistema começou a ser utilizado nos Estados Unidos, para o gado leiteiro, na década de 1980. No Brasil, a prática começou a ser utilizada nos últimos anos e cada vez vêm ganhando mais adeptos. No início, essa forma de alojamento e manejo era utilizada apenas em grandes fazendas. Aos poucos, pequenos criadores têm adotado o Compost Barn e obtido bons resultados.

 

 

Mas qual a diferença desse sistema de confinamento para o tradicional? Os sistemas tradicionais de confinamento (Free Stall) tem menor área por animal, os animais estão divididos em baias e o piso do confinamento é mais duro quando comparado ao sistema Compost Barn. No Compost Barn os animais caminham, urinam, defecam, interagem e descansam na mesma área comum (cama), na qual é macia devido a presença de uma espessa camada de maravalha ou serragem.

 

Essa cama é separada do corredor de alimentação ou bebedouro por um muro de concreto para evitar maior umidade da cama. Mas e o processo de compostagem? O material da cama (maravalha ou serragem) juntamente com a matéria orgânica e bactérias das fezes e urina dos animais, e revolvimento frequente da cama promovem o processo de compostagem. Durante o processo de compostagem é produzido dióxido de carbono (CO2), água e calor a partir da fermentação aeróbica da matéria orgânica presente na cama.

 

O revolvimento frequente da cama (principalmente na camada de 30cm) é essencial, pois o oxigênio (aeração da cama) é necessário para a fermentação aeróbica. Em confinamentos com vacas leiteiras a aeração da cama normalmente é realizada 2 vezes ao dia e durante o horário da ordenha, pois é o momento onde todas as vacas desocupam a cama e o manejo pode ser realizado. O sucesso do processo de compostagem depende da manutenção de níveis adequados de oxigênio, água, temperatura, quantidade de matéria orgânica e atividade dos microrganismos, que produzem calor suficiente para secar o material e reduzir a população de microrganismos patogênicos (que podem causar alguma doença ao animal). Para que esse processo ocorra, a temperatura da cama deve variar de 54 a 65˚C a 30 cm da superfície da cama.

 

 

As principais vantagens que alguns produtores e os criadores do Compost Barn citam são: maior conforto para os animais, favorece a higiene do local e também dos animais, reduz os problemas (lesões) de perna e de casco, aumenta a longevidade das vacas, facilita o manejo, melhora a qualidade do leite através da redução na contagem de células somáticas (CCS), aumenta a produção de leite, melhora a detecção de cio, diminui o odor e a incidência de moscas no confinamento, menor custo inicial de investimento para a construção deste sistema quando comparado com o Free Stall. Porém, para que o sistema funcione bem é necessário que o local de instalação do sistema possua boa ventilação e luz natural, drenagem de água em dias chuvosos e amplo espaço para evitar superlotação dos animais.

 

 

Diante de tantas vantagens, esse sistema veio para ficar no Brasil ou é uma novidade passageira (modismo)? Esse sistema, se bem conduzido, traz muitos benefícios, principalmente ao bem estar dos animais e dos funcionários, quando comparado com os sistemas tradicionais. Porém, a escolha do sistema de confinamento para os animais deve levar em consideração diversos fatores como: nível de intensificação desejado, potencial genético do rebanho, disponibilidade de capital, disponibilidade e capacidade de produção de alimentos e custo da terra. Todos estes fatores devem ser avaliados, pois podem afetar diretamente a produtividade e sanidade do rebanho, qualidade do leite, bem-estar animal e a rentabilidade da fazenda. Portanto, esse sistema provavelmente irá crescer muito no Brasil mas não será para toda e qualquer propriedade, pois deve ser avaliado o custo de investimento e o retorno financeiro esperado para cada propriedade e cada rebanho.

 

Fontes:

https://www.milkpoint.com.br/mypoint/6239/p_compost_barn_uma_alternativa_para_o_confinamento_de_vacas_leiteiras_4771.aspx

 

http://www.bibliotecas.sebrae.com.br/chronus/ARQUIVOS_CHRONUS/bds/bds.nsf/aeb6eb8fcfd94f39f41848211c29765d/$File/5388.pdf 

 

Kamila Maciel Dias (CRMV/SC 04123)

Professor at UNOESC (Campos Novos, SC)

Ph.D. in Animal Science: Nutrition of Dairy Cows (UDESC-Lages, SC)

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