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Acerca do Revólver e da Caneta

COLUNA DO NOSSA HISTÓRIA

 

 

“Trocar o revólver pela caneta”. Grande parte dos moradores da cidade de Campos Novos passa cotidianamente pelo monumento localizado na Praça Lauro Muller em homenagem ao Pe Quintílio. Porém, muitos não conhecem sua frase tão emblemática e tampouco sabem o que isso literalmente quer dizer. No entanto, o argumento usado pelo padre italiano tempos atrás deve ser revisado nos dias atuais.

 

 

É inegável que o ideal proposto por Quintílio transformou a nossa sociedade colaborando imensamente para um avanço cultural e tecnológico. Entretanto, anos após sua vivência devemos refletir sobre o quanto ainda temos que evoluir. Pois, se interpretarmos o pensamento “quintiliano” em sua máxima expressão trocar o revólver pela caneta de forma superficial, podemos constatar que realmente conseguimos um grande avanço visto que hoje, de fato, nossa população é bem menos armada e muito mais alfabetizada. Porém, se mergulharmos um pouco mais nesse pensamento fazendo uma interpretação filosófica mais profunda, podemos levantar o seguinte questionamento: o que representa o tal revólver e o que significa a caneta? Pois bem, creio que neste ínterim temos duas condições antagônicas de postura cívica.

 

De um lado, a justiça pela força, a agressividade e a postura ferrenha, que impossibilitam um real senso de justiça e uma abertura para a evolução, sendo que tais adjetivos são tão presentes ainda nos dias de hoje na nossa população. Por outro lado, temos a cultura, o conhecimento, a intelectualidade, a argumentação lógica, a justiça e, consequentemente, uma abertura para a evolução. Em outras palavras, Quintílio ansiava pela mudança de comportamento do cidadão camponovense, pois era necessário que o mesmo transcendesse uma postura primitiva e instintiva de sobrevivência ocasionada por pós-guerras e desenvolve-se uma postura mais racional e democrática de tal modo que o cidadão camponovense fosse alguém dotado de intelectualidade e tica. e assim desfrutasse de todas as boas consequências que essa condição nos traz.

 

Ao longo dos anos tivemos, com certeza, demasiado avanço em relação a essa postura. Entretanto, em mais de 13 décadas de história não podemos deixar de admitir que ainda temos muito que avançar. É necessário que o interesse pela leitura e pelo estudo seja cada vez mais desenvolvido em nossa cidade, pois não vejo outra maneira de ocorrer uma transformação social considerável sem ser por intermédio dos livros. É extremamente necessário que se faça formar um cidadão camponovense culto, intelectual, que estude e conheça pelo menos o necessário sobre questões políticas, sociais, tecnológicas e éticas, pois somente assim estaremos avançando não apenas em infraestrutura urbana, mas criando um povo cada vez mais preparado intelectualmente para o mundo moderno. Creio que, assim, estaremos efetivamente proporcionando aquilo que profeticamente Pe Quintílio nos legou.

 

Por: Cleyton Luiz Silva

 

Filósofo, especialista em ensino de filosofia.

 

COLABORADOR – Jornalismo Simpatia FM

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