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Falar é a Melhor Solução

COLUNA PSICOLOGIA_

 

Vamos falar de um assunto muito sério e de alcance epidemiológico, o suicídio. Segundo a OMS (Organização Mundial da Saúde), o suicídio hoje é uma questão de saúde pública emergencial no Brasil e no mundo.

 

Você já se sentiu sozinho, sem esperança, angustiado, como se um vazio tomasse conta do seu interior? Como se sumir ou tirar a própria vida fosse a única forma de parar com essa sensação? Esses são apenas alguns dos exemplos de pensamentos e sentimentos comuns que passam na mente das pessoas que pensam em tirar a própria vida. Infelizmente são mais comuns do que gostaríamos, e já afetaram e afetam muitas pessoas diariamente, por isso devemos ficar atentos. Cuidar das emoções, validar e estimular a aceitação desses sentimentos juntamente com a discussão sobre o assunto é um compromisso com a vida.

 

Precisamos cuidar das dores emocionais como cuidamos das dores físicas. Procurar ajuda profissional de um psicólogo ou psiquiatra nesses casos é fundamental, bem como falar ou poder contar com alguém em momentos de crise, pode ajudar muito na prevenção desses acontecimentos.

 

Setembro Amarelo é uma campanha de iniciativa do Centro de Valorização da Vida – CVV em parceria com o CFM (Conselho Federal de Medicina) e ABP (Associação Brasileira de Psiquiatria), com o objetivo de alertar a população a respeito da realidade do suicídio no Brasil e no mundo, bem como suas formas de prevenção.

 

No dia 10 de setembro foi o dia mundial de prevenção ao suicídio com a campanha falar é a melhor solução ou seja falar de suicídio é uma das poucas formas de preveni-lo. Segundo a OMS 90% dos casos de suicídio poderiam ser prevenidos.

 

Ao falarmos sobre formas de prevenção se torna indispensável falar sobre traumas e sua correlação com as doenças mentais e o suicídio. Enquanto profissional da área de psicologia e da saúde mental não poderia deixar de alertar sobre os efeitos nocivos do trauma para a saúde mental e física

 

Trauma na infância pode destruir sua saúde décadas depois de ter acontecido e nós estamos ignorando isso.

 

Segundo um estudo realizado nos anos 90 nos Estados Unidos chamado Estudo de Experiências Adversas na Infância feito pelos doutores Vincent Felitti e Bob Anda no qual estudaram dezessete mil e quinhentas pessoas adultas sobre sua história de exposição ao que eles chamaram de experiências adversas na infância ou Adverse Childhood Experiences Study (ACEs). Incluíram nas questões da pesquisa experiências como abuso físico, emocional ou sexual; negligência física ou emocional; doença (s) mental, dependência de substâncias, encarceramento, separação ou divórcio dos pais e violência doméstica. Para cada sim, era considerado um ponto na escala ACE. Perceberam que quanto mais experiências adversas na infância pior os resultados de saúde, por exemplo: Uma pessoa com pontuação de quatro ou mais experiências adversas, o risco de doenças como pulmonar obstrutiva crônica ou hepatite foi duas vezes e meia a mais do que alguém com uma pontuação de zero. No caso da depressão, era quatro vezes e meia maior. E para o suicídio, era 12 vezes maior.

 

Ao realizar essa pesquisa os estudiosos criaram um questionário que chamaram de ACE, o qual passou a ser usado em projetos com crianças em seus exames físicos regulares pois entenderam que se um paciente tem uma pontuação ACE de quatro ele ou ela tem duas vezes e meia mais chances de desenvolver alguma doença física e, quatros vezes e meia de probabilidade aumentada de tornar-se deprimido e 12 vezes mais probabilidade de tentar tirar sua própria vida.

 

É preciso educar a população e os pais sobre os impactos dos traumas ou experiências adversas na infância de forma que não se ignore as causas e os efeitos nocivos do estresse tóxico na saúde física e emocional.

 

Atualmente existem psicoterapias especializadas no tratamento de traumas que podem trazer grandes benefícios para saúde através do alívio das dores emocionais causadas pelos traumas na vida. A EMDR – Dessensibilização e Reprocessamento através dos Movimentos Oculares é uma técnica recomendada pela OMS – Organização Mundial da Saúde para o tratamento do Transtorno de Estresse Pós Traumático – TEPT e muito utilizada no tratamento de outros transtornos mentais como depressão, compulsões, fobias e outros.

 

Dê valor aos sentimentos, as dores emocionais são importantes, são sinais que o corpo nos dá de que algo não está bem.

 

Sufocar essas dores pode extrapolar os limites do corpo e da mente, por isso devemos cuidar, acolher, ouvir, compartilhar, falar.

 

Cuide de suas emoções cuide de seus traumas.

Você pode optar em não estar sozinho.

 

 

Psicóloga Anaílla Zamboni de Oliveira

Terapeuta EMDR

Clínica Cuidar Centro de Psicoterapias – Campos Novos

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