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Momento contemporâneo é importante e desafiador para a História Política de Campos Novos.

ENEDY

 

Campos Novos, 11 de novembro de 2020. Vejo que o momento contemporâneo é muito importante e desafiador para a História Política de Campos Novos. Sem entrar nas questões partidárias: “rusgas políticas”, interesses antagônicos e falta de empatia. Percebo a ausência de identidade ideológica, creio ser provocada pela miscelânia de agremiações políticas. As quais, não raro, voltadas às “negociatas”, troca de favores e de cargos para seus apaniguados.

 

Apesar disso tudo, acredito no surgimento de novas lideranças políticas, principalmente mulheres.  Pessoas mais sensatas, sérias e comprometidas com o bem comum do povo. Penso, que apesar das dificuldades impostas, devido à fatores renascentes da “velha política”, teremos representantes dignas(os) ocupando cargos eletivos a partir de 2021.

 

Mas, vamos ao que me apraz, o resgate da nossa história! A pedido do Xânde Di Domenico, quando aquele estava presidente do Poder Legislativo, solicitou que nós escrevêssemos sobre a Câmara de Vereadores de Campos Novos. Encontramos alguns documentos, entre os quais, o escrito “ a bico de pena”, datado do final do século XIX. Com seguinte teor:

 

Diz João Cordeiro dos Santos Com vinte e cinco annos de idade morador nesta vila e proprietário solteiro filho ligitimo  de Domingos Cordeiro Matozo Comerciante que sabendo ler e escrever vem requerer a sua inclosão no alistamento Elleitorais que esta procedendo.       P.

                                      O defirimento. 

Campos Novos 26 de Abril de 1899.

João Cordeiro dos Santos[1]”   

 

O pedido foi deferido pelo presidente da comissão do alistamento da primeira sessão, com o sobrenome de Santos[2]. Esse escreveu “ Comcordo Campos Novos 29 de abril de 1899 Santos.

 

Analisando essa fonte histórica, recordamos da Segunda Constituição do Brasil, promulgada em 24 de fevereiro de 1891, a qual institui: o sistema republicano presidencialista, a descentralização do poder com o federalismo, a independência dos Poderes Executivo, Legislativo   Judiciário. A separação da Igreja do Estado. O sufrágio com o direito a voto para aos cidadãos do sexo masculino, maiores de 21 anos e alfabetizados.

 

Estabeleceu-se o “voto universal”, porém exclusividade masculina! Além das mulheres, não podiam ser eleitores os mendigos, os soldados, os padres e os analfabetos. Portanto, a maioria da população não participava da escolha de seus representantes!

 

Em São João Batista de Campos Novos, não era diferente. Em nossa pesquisa, encontramos que os locais de votação eram as “salas de instrução masculina”. Até os primeiros anos de 1900, o acesso à educação era privilégio de poucos. Porque as escolas ou salas de aulas desse município, eram destinadas somente as pessoas do sexo masculino e, eram particulares. Dessa forma, os pobres masculinos e as mulheres ricas ou sem posses, eram excluídos do direito de ser cidadão(ã) instruído(a) e de participarem das eleições.

 

Em 1932, com o primeiro Código Eleitoral do Brasil, aconteceu também a criação da Justiça Eleitoral. O decreto n° 21.076 de 1932, determinava o voto obrigatório, secreto e universal, incluindo as mulheres. Por essa razão, nas eleições legislativas de 1933, houve participação feminina e fora eleita a primeira deputada federal do Brasil: a médica paulista Carlota de Queirós.

 

A Constituição de 1934, instaurou o voto feminino. Era dado o direito de voto a todas as mulheres solteiras e viúvas que tivessem trabalhos remunerados. Já, as mulheres casadas, tinham que ser autorizadas pelos maridos para poderem participar das eleições. Precisamos, recordar que somente em 1985, os analfabetos passaram a ter direito ao voto. Acredito, que entre os fatores para à falta de participação feminina no processo eleitoral, está a inclusão tardia das mulheres no sufrágio.

 

Após tais reflexões, concluo: precisamos nos educar para sermos para democracia e para política ética. Para sermos eleitores conscientes, capazes de construir “leituras” sobre as propostas e projetos dos aspirantes ao nosso voto. Analisando e comparando sem paixões ou por conveniências. Escolher o candidato ou a candidata que tenha conhecimentos e uma história de vida, a qual lhe dê as condições necessárias para realizarem o que propõem em prol do bem comum! Porque os desafios são muitos… Entre esses, a pandemia da saúde e da moral.

Tenho dito!

 

Enedy Padilha da Rosa

Professora e Historiadora

 

 

 

 

 

 

[1] Transcrição paleográfica.

[2] Pretendemos pesquisar o nome completo.

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